Apoiado no discurso de que ainda está em busca da formação ideal para o Palmeiras, Cuca resolveu inovar no clássico e mandou o time a campo no 4-4-2, com Bruno Henrique e Tchê Tchê dando suporte à zaga e Willian com mais liberdade para encostar em Deyverson. Pelo lado tricolor, nenhuma novidade. Dorival voltou a apostar no 4-1-4-1 e com uma postura de cadência e disciplina tática.
Mas, não precisaram muitos minutos para o Verdão perder uma deficiência grave dos rivais. Cueva, aberto pela esquerda, não dava o suporte necessário a Edimar. O Palmeiras, então, investiu por ali e colocou o São Paulo em apuros pelo menos três vezes.
E quando a torcida da casa começa a se animar de verdade, veio a surpresa. Bruno Henrique, de 1,80m, perdeu no alto para Cueva, que mede 1,69m. Lucas Pratto recebeu e colocou Marcos Guilherme na cara de Fernando Prass. O meia tricolor deixou Michel Bastos para trás e abriu o placar.
O gol dos visitantes abalou o Palestra, que silenciou por alguns minutos e só voltou a ser ouvindo diante das reclamações com os erros de passe da equipe alviverde. A essa altura, Cueva e Marcos Guilherme já haviam trocado de lado para acabar com a farra palmeirense em cima de Edimar.
Tudo corria bem até os 21 minutos, quando Lucas Pratto deu um susto daqueles em todos que acompanhavam o clássico. Em um lance rotineiro, o argentino apareceu na defesa para ajudar na marcação, mas acabou levando uma joelhada do companheiro Hernanes. O argentino ficou desacordado e, desesperados, os jogadores suplicaram pela ambulância. Em cerca de seis minutos, Pratto já estava a caminho do hospital, consciente, para uma tranquilidade maior de todos.
Quem imaginou que a paralisação pudesse esfriar o jogo em campo se enganou. Assim que a bola voltou a rolar, o São Paulo teve uma grande oportunidade de ampliar a vantagem de novo com Marcos Guilherme, que acertou o travessão e viu a bola quicar fora do gol.
O Palmeiras parecia abatido e desencontrado quando Michel Bastos, aos 35, cruzou para a área. Edimar falhou e Willian não perdoou. Bastou para o Verdão acordar. Três minutos depois, em nova jogada de Willian, dessa vez toda ela individual, o Palmeiras virou em grande estilo. O atacante palmeirense acertou o ângulo e Sidão e finalização de fora da área.
O Choque-Rei estava imprevisível. Nos acréscimos da primeira etapa, dessa vez era o Palmeiras que parecia senhor do jogo quando o rival foi lá e aprontou. Buffarini alçou bola na área, Jean fez a vez de Edimar e falhou. Hernanes dominou e estufou as redes, levando o clássico para o intervalo com o 2 a 2 no placar.
Com um segundo tempo, truncado, de poucas oportunidades, Dorival resolveu sacar Cueva para colocar o jovem Lucas Fernandes. Cuca respondeu com Keno na vaga de Bruno Henrique e mandou o Palmeiras para frente, agora no 4-3-3.
O panorama, no entanto, pouco mudou. O excesso de erros de passe minava as chances das duas equipes. Sidão ainda assustou os são-paulino ao furar bisonhamente uma bola recuada, mas se redimiu ao evitar o gol de Deyverson com uma defesa espetacular.
Na melhor chance do São Paulo em toda a etapa final, Rodrigo Caio acabou sendo o vilão. O zagueiro ficou livre, dentro da pequena área e também furou de forma incrível. De joelhos, desacreditado, o defensor chegou a olhar para o bandeira, que deu condição legal no lance.
Cuca ainda colocou Hyoran no lugar de Guerra, mas o clássico perdeu parte de sua organização. Palmeiras e São Paulo passaram a se contra-atacar seguidamente e o jogo ficou imprevisível.
Nesse ritmo, o São Paulo pagou caro por um erro de escolha de Marcos Guilherme, que carregou a bola com duas opções de passe contra apenas dois defensores palmeirenses. O meia acabou nem finalizando nem tocando a bola. Em resposta, o Verdão acionou Deyverson na esquerda. O centroavante viu Keno livre na meia-lua, serviu. Sem dominar, o ex-jogador do Santa Cruz bateu firme, sem chance para Sidão.
Pronto para colocar Roger Guedes em campo, Cuca imediatamente mudou sua alteração. Thiago Santos entrou no lugar de Deyverson. Dorival apostou em Denilson na vaga de Marcos Guilherme.
O fim do Choque-Rei foi dramático, com todos no estádio em pé. O alívio para a torcida local só veio nos acréscimos, quando Tchê Tchê lançou Willian nas costas da zaga tricolor. O atacante só teve o trabalho de cruzar para Hyoran, que livre, mandou para o fundo do gol e transformou a vitória em goleada.
Depois de três rodadas, o Palmeiras voltou a vencer e, de quebra, ainda manteve o tabu de não perder para o rival do Morumbi no Allianz Parque. Já o Tricolor terá de amargar mais uma rodada na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro.
FICHA TÉCNICA
PALMEIRAS 4 X 2 SÃO PAULO
Local: Estádio Palestra Itália, em São Paulo (SP)
Data: 27 de agosto de 2017, domingo
Horário: 16 horas (de Brasília)
Árbitro: Sandro Meira Ricci (SC-Fifa)
Assistentes: Emerson Augusto de Carvalho e Marcelo Van Gasse (ambos de SP-Fifa)
Público: 33.537 torcedores
Renda: R$ 2.195.368,53
Cartões amarelos: SÃO PAULO: Edimar, Arboleda
GOLS:
PALMEIRAS: Willian, aos 35 e 38 minutos do 1T. Keno, aos 33, e Hyoran, aos 45 minutos do 2T.
SÃO PAULO: Marcos Guilherme, aos 12, e Hernanes, aos 51 minutos do 1T.
PALMEIRAS: Fernando Prass; Jean, Edu Dracena, Luan e Michel Bastos; Tchê Tchê, Bruno Henrique (Keno), Moisés e Guerra (Hyoran); Willian e Deyverson (Thiago Santos)
Técnico: Cuca
SÃO PAULO: Sidão; Buffarini, Arboleda, Rodrigo Caio e Edimar; Petros; Marcos Guilherme (Denilson), Jucilei, Hernanes e Cueva (Lucas Fernandes); Lucas Pratto (Gilberto)
Técnico: Dorival Júnior
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